A Rua da Vergonha (1956)
País: Japão, 87 minutos
Título Original: Akasen Chitai
Diretor(s): Kenji Mizoguchi
Gênero(s): Drama
Legendas: Português,Inglês, Espanhol
Tipo de Mídia: Cópia Digital
Tela: 16:9 Widescreen
Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080
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DOWNLOAD DO FILME E LEGENDA
Sinopse: As mulheres estão no centro do cinema de Kenji Mizoguchi. Desde as suas obras nos tempos do mudo até ao seu derradeiro filme, este Akasen chitai, as agruras da experiência feminina no Japão foram uma constante preocupação do cinema do mestre japonês. Figuras de prostitutas e gueixas tiveram um lugar especial entre as suas personagens e o mundo noturno, confinado e sombrio onde decorre Akasen chitai não é de todo uma atmosfera nova para Mizoguchi (ou outros cineastas japoneses seus contemporâneos).
No entanto, Akasen chitai é também um olhar novo (moderno?), um olhar para o momento presente com uma urgência desesperada que se afasta um pouco das evocações histórico-imaginárias de outros filmes-chave de Mizoguchi. O filme foi feito enquanto se discutia na Dieta Nacional (o parlamento japonês) uma lei anti-prostituição (seria aprovada pouco depois da estreia do filme) – discussão política que ecoa no filme e enquadra a sua atualidade – e Mizoguchi quis, sem sucesso, filmá-lo on location nos bordéis de Yoshiwara (zona associada à prostituição legal em Tóquio desde o período Edo).
Mas mesmo filmado em estúdio, e mesmo nuns (aparentemente) escassos 85 minutos, é notável como Mizoguchi recria a rotina diária das mulheres em que se centra o filme, a sensação de repetição – por vezes mesmo de prisão (veja-se a limitação dos cenários) – que as suas existências levam. E como através de uma série de elementos, do guarda-roupa à banda sonora (sons eletrónicos convivem com cantigas tradicionais), é explorada a complexa convivência de continuidades e rupturas.
Apresentemos as protagonistas. Yasumi (Ayako Wakao), a estrela do estabelecimento, explora o sistema que a explora a ela. Forçada a prostituir-se quando o pai é implicado num escândalo de corrupção, manipula os clientes e é mestre de agiotagem com as companheiras até conseguir comprar a respeitabilidade ao tornar-se uma businesswoman à frente de um negócio menos controverso que o do sexo. Yumeko (Aiko Mimasu) vende o corpo para sustentar o filho, com quem sonha viver quando se “reformar”. Mas este, já crescido e empregado numa fábrica, tem vergonha da mãe e renega-a numa das sequências mais tristes do filme. É uma das histórias do filme que mais vai beber a modelos anteriores do cinema japonês mas isso não lhe retira força, antes pelo contrário.
Mickey (Machiko Kyo), a recém-chegada com nome de cartoon e vestes à “ocidental” (todas as outras vestem quase sempre quimonos, com algumas cenas em torno dos tecidos que são puros momentos Mizoguchianos), é, à primeira vista, demasiado atiradiça e irascível. A cena do reencontro com o seu pai, no entanto, ilumina a sua coragem aos olhos do espectador, ao colocar o progenitor, e não ela, como a figura maior de hipocrisia e corrupção de valores. Yorie (Hiroko Machida), gasta as poupanças num enxoval para a dona-de-casa casada que sonha vir a ser, mas quando finalmente deixa o bordel para casar é uma servidão ainda maior que encontra. Hanae (Michiyo Kogure), esposa e mãe, voltou a prostituir-se porque é a única fonte de sustento da família.
Elenco: